Reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como patrimônio da humanidade e integrante da Rede de Cidades Criativas da Unesco na categoria gastronomia, Paraty, desde 2002, encontra-se estabelecida como referência incontestável entre as feiras literárias nacional e mundial. A cada ano, durante cinco dias, seu charmosíssimo Centro Histórico recebe autores brasileiros e de todas as partes do mundo para discutir o momento e os rumos dos mais diversos gêneros da literatura. Por conta disso, muitos turistas juntam-se aos moradores para uma festa da cultura que inclui mesas com um ou mais escritores, sessões de autógrafos, palestras, exposições e estandes de editoras (muitas delas independentes), tudo acompanhado por um clima festivo e ótima comida. Pelas ruas, o papo rola solto em rodas nas quais podem ser ouvidos vários idiomas, e o clima geral é de congraçamento e respeito às diferenças. Aliás, esta é uma das marcas mais visíveis da Flip: o espaço democrático, aberto, generoso.
Assim, chegamos à cidade depois de uma viagem rápida de avião, saindo de Vitória (ES), e depois de um breve descanso percorremos de carro os 258 km que separam a capital carioca de Paraty. Chegamos bem no início do evento, numa quarta à noite, e uma circulada já nos mostrou uma cidade efervescente e alegre. Cansados, jantamos e nos recolhemos, guardando as energias para a maratona dos quatro dias seguintes. A seguir, nosso dia a dia de quinta a domingo, em que passamos quase todo nosso tempo de uma rua à outra, de um debate ao outro, ouvindo, anotando, aprendendo e, claro, comprando livros e buscando autógrafos (pois é difícil resistir a essas oportunidades).